20250602
Crato, 2 de junho de 2025
Olá leitores.
Em abril de 2021, eu li uma história em quadrinhos chamada Nagatoro, do Capítulo Zero até o último que tinha acabado de sair, e fiquei esperando o próximo.
Acho que eu nunca recomendei esse quadrinho para ninguém. Não é porque foi importante para mim que vai ser para os outros. Ele não foi pensado para minha faixa etária e principalmente no começo tem muitas limitações, tanto de desenho como de texto mesmo.
Fato é que no último capítulo que eu li, naquele mês de outubro, o protagonista — que nem tinha nome ainda — termina tomando um ponto numa luta de judô. Um Wazari. E eu, como todos os outros leitores, precisava esperar umas duas semanas para poder saber o final da luta. Eu fiquei pensando e pensando sobre um monte de coisas, sobre minha vida e o que eu tinha feito até ali. Eu não me identifiquei com aqueles personagens, em nada! Mas eu fiquei pensando que eu tinha algo para oferecer aos adolescentes da vida real depois de ler sobre os dramas que eles vivem.
Sei que desses pensamentos, durante o mês seguinte, em maio, eu decidi que ia começar a treinar judô. E durante o mês de maio deste ano eu celebrei os quatro anos dessa decisão.
Estou aqui vivendo o exame de faixa roxa. Que não é apenas um dia, mas é um ritual extenuante que se arrasta por várias semanas. Que vai se arrastar por todo o mês de junho e que só está agendado para terminar em julho.
Há várias despesas nessa jornada e, caso você queira me ajudar a ter sucesso nesse exame, pode contribuir com qualquer valor:
Pix: diegosergioadv@gmail.com
Barragem Cultural
Mas então, depois daquela decisão de treinar judô para ajudar adolescentes — sem nem ter uma ideia de como eu faria isso — comecei a pensar em uma música de Belchior, principalmente esse trecho:
"Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam, não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu 'tô por fora
Ou então que eu 'tô inventando
Mas é você que ama o passado
E que não vê
É você que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem"
Com base nessa letra, eu comecei a pensar sobre para que servia essa divisão de geração. BB, Millennial, Z, Alpha, Beta e sei lá o que vem depois. E concluí que não servia para nada. Pelo menos eu não encontrei nenhuma utilidade. Geração passada é quem já morreu. Todos que estão vivos no planeta ao mesmo tempo fazem parte da mesma geração.
Para não me transformar em um velho que fica dizendo que "depois deles não apareceu mais ninguém", eu construí uma barragem cultural. Eu pensei que Paramore era a banda da minha faixa etária que ia me acompanhar sem passar por nenhuma comparação. Essa é minha banda e pronto. Nem que se acabe ou pare ou sei lá, não importa — foi a única banda feita por pessoas da minha faixa etária que se conectou comigo.
E é isso, não vou comparar Paramore com nada, e não vou comparar o que é mais velho que Paramore com o que é mais novo. Vou ficar livre para me conectar ao "novo" que "sempre vem".
Soyeon “A Capitão (malvada)”
Aí, quando foi em julho, aconteceu que uma artista doze anos mais nova do que eu lançou uma música e eu me dispus a ouvir. Essa artista já tinha me chamado atenção três anos antes, mas eu ficava lendo notícias, assistindo vídeos dela cantando, mas mutada, e ouvindo outra coisa.
Depois que eu passei a ouvir e viver a arte dessa artista, livre — dentro do possível — de comparações com artistas mais velhos, eu pude me conectar ao Novo, sem nem por isso renunciar ao Velho. Tudo tem seu espaço em minha vida.
Essa artista é a que mais me afeta nesse mundo — e nem sempre positivamente. Ela lançou um álbum recentemente que me deixou arrasado. Ela obrigou as companheiras a carregar um caixão vazio, que eu não tinha entendido o que significava, mas depois entendi. Depois obrigou essas companheiras a gravar um curta onde elas matam os namorados. Depois obrigou essas companheiras a gravar um curta onde elas matam umas às outras sorrindo.
Eu entendi o que ela queria dizer com toda essa morbidez, mas eu rejeito ficar escutando isso agora. Então, enquanto essa fase não passa, isolei ela das minhas listas de reprodução e estou ouvindo apenas as músicas das companheiras que estão sendo vítimas dessa relação abusiva. O que foi muito bom. Eu voltei a ter um pé com o Novo sem ter que absorver essa mensagem negativa que minha artista favorita está expressando. Isso foi uma das coisas que aconteceram no mês de maio.
Educação Física e o Artigo Científico
A outra coisa, como vocês sabem, é que eu me matriculei no Curso de Educação Física e isso abriu muitas portas de entendimento. E no meio dessas aberturas me vieram as ideias para escrever meu primeiro artigo científico. Um artigo de Direito.
Pode parecer estranho, mas não é. Eu não rejeitei o caminho que me trouxe até aqui, continuo sendo advogado e, quando lançar esse artigo, serei oficialmente um jurista.
Eu não vou falar do assunto do artigo aqui porque é algo mais para os pares. Eu comecei a contar do que se trata para a minha mãe e ela não mostrou nem um interesse. Se minha mãe não se interessou é porque realmente só vai interessar a quem estuda Direito — e olhe lá. Mas é assim que se começa em algo.
Pois é. Mês de junho, um monte de coisa acontecendo e eu ocupado com meu exame de faixa, mas vou tentar viver as festas dos santos na medida do possível e contar aqui.
Até.
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