2025 06 26

        Crato, 26 de junho de 2025.





Técnico do time de Munique



Olá leitores.




A Moto e o Vulcão.




Quero contar para vocês a coisa que mais esteve em minha cabeça, principalmente ontem, mas que eu não consegui escrever.
Há umas semanas atrás eu estava com vontade de jogar Megaman X4, mas não encontrava tempo. Você tem dois personagens para escolher: o atirador e o espadachim. Mas a graça é o espadachim, que é mais difícil. E eu não tinha tempo nem encontrava um jeito de colocar dentro da minha rotina.

Aí teve um dia que, depois de uma aula de judô, três colegas saíram de moto e eu saí a pé. A cena das três motos indo embora me causou grande desconforto e eu passei dias me perguntando por quê? Depois de muito pensar, eu entendi que a moto é um signo de morte. Não símbolo, signo. Símbolo depende de uma vivência cultural para fazer sentido. O signo é acessível a qualquer um que se debruce sobre o assunto pensando. Você está ali, sobre apenas duas rodas, e com o corpo exposto. Sua vida depende da boa vontade dos que dirigem veículos maiores. Se eles decidirem, você vai morrer sem nenhuma possibilidade de defesa. 

Dessa reflexão me veio a ideia para colocar Megaman X4 na minha rotina. Da seguinte forma:

Eu decidi, pela manhã, jogar a fase da moto. Porque é assim. Primeiro você joga uma fase inicial bem facinha e já pode salvar o jogo. A partir daí você tem oito fases para escolher qual ir. Cada uma delas tem uma trajetória para seguir enfrentando robôs diversos, e no final tem um chefe. 

Então, pela manhã, eu jogava a fase da morte, mas com uma particularidade: eu jogo apenas uma vida. 

No videogame a morte é só um pequeno atraso, você reaparece vivo logo atrás do lugar onde morreu. Mas como eu só jogava uma vida por dia, a morte no videogame vira uma oportunidade de pensar na vida real e na morte.

Quando chega a noite, eu vou no mesmo software, mas dessa vez jogo a fase do vulcão. Nessa, você vai a pé, lutando com sua espada de luz. Mas o vulcão também é um signo de morte. Assim como, se estiver numa moto e um caminhão decidir passar por cima de você, você morre. Se você estiver vizinho de um vulcão e ele entrar em uma erupção forte, você morre. É muito raro, mas acontece. Na escola, quando a gente estudava o Vesúvio, o vulcão que destruiu Pompeia, os professores davam a impressão de que as pessoas não sabiam o que era um vulcão e por isso foram pegas desprevenidas. Mas elas sabiam sim. Só que isso não faz diferença nenhuma. Sabendo o que é ou não, você morre do mesmo jeito. Mas talvez você esteja se perguntando: para que serve pensar na morte? A resposta é muito simples: pensar na morte faz você aproveitar melhor a vida. Saber que ela é um dom passageiro lhe faz valorizar.

As redes sociais estão cheias de gente que anda de moto todo dia, mas que está zombando da moça que morreu no caminho do cume de um vulcão. É um ato muito desprezível. Zombar de alguém que morreu só porque não chegou sua vez ainda.

Ninguém sabe explicar do que essa moça trabalhava. Mas minha impressão é que ela era uma aventureira profissional. Tem conteúdo dela com marca de canais de aventura. Eu acho que ela ia para esses lugares pensando em vender o conteúdo gravado. Se for assim, ela morreu trabalhando. Mas, no fim, tanto faz. Todo mundo vai morrer. Seja em um vulcão, em uma moto ou trabalhando sentado em uma cadeira.

Essa moça aproveitou os dias dela. Também quero aproveitar os meus.




Meu exame de faixa roxa.




Está sendo tão difícil que nem vale a pena contar. Só quero dizer que há esperança da parte prática encerrar na próxima terça-feira. Minha mente já começa a se preparar para a próxima luta, marcada para 4 de outubro.




O Bayern de Munique.




Terça-feira passada assisti ao jogo do time de Munique dos 25 minutos do primeiro tempo em diante. Eu gosto muito desse time. Quando eu vejo o pessoal do judô brasileiro postando um post mais alienado da realidade do que outro, e vejo um time lá de Munique, na Alemanha, ter um Twitter em português para falar com os fãs brasileiros. 

Quando eu vejo o time jogar em pleno dia de São João sem precisar frescar com a festa do santo. 

Quando eu vejo o time acertando uma bola na trave e o técnico vibrando feliz porque o time estava no caminho certo, independente da bola ter entrado ou não.

O time de Munique perdeu o jogo. Mas o que isso importa? O importante é seu esforço, a vitória pode vir ou não. Esse time é mais judô que os judocas.

Por isso que quinta-feira eu vou assistir ao jogo deles e torcer por eles. O time brasileiro que eles vão enfrentar que se dane. Já torço pela Seleção, não tenho que torcer por esses times ridículos. De time ridículo para eu torcer já basta o Vasco.




Até.







diegosergioadv@gmail.com

Tenho aulas de Judô na Ikigai Dojô em Crato, Ceará e sou atualmente 3º kyu (faixa verde). 
Começo a cursar Educação Física na Urca em Agosto.
        Saiu uma data de luta para mim, 4 de outubro. 
        Estou planejando um projeto de judô inclusivo chamado Judô no Escuro. Pretendo ir contando mais com o passar do tempo. 


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