20240730

   Crato, 25 de julho de 2024 (quinta)




Eu lendo na rodoviária de Fortaleza antes de me envenenar





São onze e quarenta da noite. Estou no ônibus com destino a Fortaleza. Mas ainda estamos no município de Crato. Distrito de Ponta da Serra. 

No caminho para a rodoviária ouvi uma pessoa correndo atrás de mim. Era Vitória. Vinha da aula de judô. Que se eu tivesse ido teria bagunçado minha viagem toda. Depois chegou o irmão dela, Luiz. E depois a mãe deles. Encontrá-los foi uma grata surpresa. 

Durante o dia de hoje eu estive ansioso. Martelando coisas sem sentido na mente. Mas fiz todas as coisas que precisava fazer. Imprimi passagens e mapas. Comprei isotônico.  Treinei. Cheguei a pesar 91,5 quilos. 

Vou guardar esse celular e tentar dormir.




Crato, 26 de julho de 2024 (sexta)




De ontem para hoje eu completei umas 16 horas sem beber água e 18 sem comer. 

Dentro dessas foram dez horas dentro de um ônibus.

Foram vários cochilos numa noite bem atípica. Fazia muito tempo que eu não viajava assim.

Fui da rodoviária para o lugar que aluguei de táxi. A dona está muito motivada em conseguir pontos no aplicativo, então o local além de ser incrível pelo que foi cobrado ainda está muito equipado.

É um quarto e sala com varanda e banheiro.

Tem cama e rede, mas eu prefiro rede. Fogão, microondas, sanduicheira, liquidificador, ferro de passar, geladeira, ventilador, algumas panelas e um escorredor. Temperos, óleo, margarina, açúcar, café. Pratos, talheres, copos e xícaras. Na varanda tem uma lavanderia e varal.

Imagino que a maioria dos hóspedes não usa isso tudo. Estou usando a geladeira e o fogão.

Depois de chegar perguntei por uma balança. Me indicaram uma farmácia perto. Mas tudo aqui é difícil de chegar por causa do trânsito maluco. No caminho passei pela igreja. Santuário do Sagrado Coração de Jesus. O pix aqui está muito mais popular que no interior. Tem QR code na frente dos bancos instruindo para fazer ofertório em pix.

Na farmácia tinha uma balança esquisita e um homem fazendo exames.

Tirou minha pressão. 12 por 8. Para alguém andando a pé é ótimo. Aí na balança além do peso errado. 91,5. A balança mediu outras coisas.

Estar sem comer e beber água a várias horas e ainda pesando 1,6 acima da categoria seria um desastre. Mas eu sabia que essa medida estava errada.

O homem da farmácia disse que a constituição da minha massa óssea estava ótima. Mas que eu estava desidratado e com sobrepeso.

A desidratação com certeza é só por causa das horas sem comer. O sobrepeso é porque o algoritmo leva em consideração a altura. Estou abaixo do que gostaria mas menos do que aquele troço calculou. 

O pior foi que eu continuei sem saber meu peso. Voltei para o apartamento. 

A  senpai pelo celular disse que eu tinha que me pesar. Que fosse ao lugar do evento. Eu concordei em ir. Na balança não oficial pesei 90,2. 300 gramas acima. Ainda voltei ao apartamento antes de ir para o local do evento para a pesagem oficial.

Lá tinha gente sofrendo muito mais do que eu. Tinha uns coitados pensando que ia se pesar hoje mas era só amanhã. Gente correndo para perder muito peso ainda. Mas enfim. Pesei 89,3 na pesagem oficial. E voltei para o apartamento.

Comi comidas mais apressadas. Assisti um pouco da abertura dos jogos. Vai ser o assunto do meu texto elaborado. Junto com Fortaleza. Depois dormi quando acordei e preparei e comi um macarrão com sardinha.

Agora estou por aqui. Dei uma treinadinha com sombra. O primeiro dia do evento foi completado.



Crato, 28 de julho. (domingo)



Eu deixei para escrever o diário de ontem sábado dentro do ônibus. Infelizmente antes de embarcar decidi comer um salgado na rodoviária. Em casa quando repassava como ia ser a viagem eu me lembrava de não comer na rua. Mas sei lá porque ignorei essa recomendação. E terminei adoecendo. Aquele salgado foi como um veneno.

Mas agora vou me lembrar de como o dia de ontem começou.

Depois da pesagem eu assisti um pouco da abertura dos jogos olímpicos. Mas senti sono. Escovei os dentes e dormi. Eram umas seis horas da noite. Acordei às dez da noite. Preparei um macarrão e jantei. Depois de um tempo voltei a dormir. 

Acordei às cinco da manhã. Tomei whey, treinei um pouco. Tomei banho e fui para o local de evento com o quimono branco debaixo do braço e um quilo de alimento na outra mão. Chegando lá o porteiro pegou o quilo de alimento. 

Entrei e encontrei meu parceiro Oldak. Ele disse que ainda ia se pesar. Pesagem especial, (você pode se pesar no dia anterior a sua luta, que é o normal, ou solicitar a pesagem no mesmo dia em que vai lutar que é a especial.) Eu falei para Oldak que tinha ido para participar da abertura. Mas que precisava preparar minha comida depois. Ele disse que não tinha abertura no Cearense. Que eu podia ir cuidar de minhas coisas. Não muito convencido fui embora.

Quando eu estava no apartamento conversando com alguns apoiadores pela internet, Oldak me mandou mensagem dizendo que a Federação tinha acabado de chamar judocas com roupa branca para participar da abertura.

Ficou para próxima, o apartamento era relativamente perto mas não dava mais tempo de chegar.

Depois de comer eu fui falar com a anfitriã. Ela disse que eu podia ficar no apartamento até a hora de ir embora, mesmo que pelo contrato eu tivesse que sair às sete da manhã. Eu fiquei feliz com isso, mas tinha que explicar uma questão delicada. O risco de acidente. 

Expliquei que havia uma pequena chance de eu ter que ir para o hospital depois da luta e nesse caso talvez não conseguisse voltar para desocupar o quarto tão cedo.

Se ela não tivesse me feito esse favor eu teria que ter saído do apartamento às sete da manhã com toda minha bagagem. Mas a boa vontade dela me permitiu sair com minha mala contendo os dois quimonos, comida e água.

Subi lá para cima do ginásio com minha malinha. Me deixaram entrar sem me pedir alimento porque eu já tinha entregue.

Assisti lutas Sub-21 e Sub-15.

Quando estava perto da categoria sênior começar fui tentar descobrir a cor do meu quimono. Foi difícil. O pessoal da federação na área de aquecimento falou que eles só viam as lutas mais próximas. Eu disse que ia aquecer de roupa normal e vestir o quimono quando estivesse perto, e a cor aparecesse no monitor. Só que o tempo foi passando e não aparecia. Vi uma sub-15 olhando as lutas em um celular e pedi para olhar. Ela deixou e eu vi que era azul. Me vesti e um pouquinho depois fui chamado para lutar.

O pessoal era muito fechado. As academias só interagiam mais com elas mesmas. Os adultos estavam sempre com cara de tensão. Só o pessoal da federação e os sub-15 estavam relaxados. Eu me atrevi a pedir ajuda a uma sub-15 mas a um adulto eu não pediria. 

Mas graças a essa criança eu estava pronto na hora de entrar.

Fomos quatro lutadores atrás do cara da federação. Eu ia lutar com um rapaz do Juazeiro do Norte. Apertamos as mãos ainda na frente da área de aquecimento. A luta antes da nossa ia ser de um rapaz faixa amarela com outro lutador do Juazeiro.

Faixa significa pouco ou nada em competição. Mas não foi só a faixa que me chamou atenção naquele lutador. Ele não me passava confiança. O técnico estava com ele. Eu e os caras do Juazeiro estávamos sem técnico. O professor desses caras do Juazeiro estava lutando uma luta árdua na área de luta ao lado. Mas eu não estava prestando muita atenção. Minha atenção estava na área de luta onde eu ia lutar. 

No momento tinha uma final sub-15 feminina. Muito truncada. Foi para o ponto de ouro e demorou um monte para acabar. Quando finalmente acabou, entrou o cara da faixa amarela e o do Juazeiro.

O rapaz da faixa amarela tentou um ataque bem falho e se jogou no chão tentando ficar em quatro apoios. O rapaz do Juazeiro não deixou. Pegou o pescoço dele em um estrangulamento. 

O rapaz sendo estrangulado não teve nem uma reação, ficou parado. 

No judô não jogamos a toalha para desistir de uma luta como no boxe, mas um técnico pode desistir em nome de seu atleta. Mas o técnico não fez nada. O árbitro não fez nada. O lutador do Juazeiro olhou para o árbitro com cara de desespero mas não soltou o estrangulamento. O estrangulado dormiu. 

O lutador do Juazeiro foi quem pediu ajuda primeiro. Só depois o árbitro de moveu. 

O rapaz desmaiado teve uma convulsão. 

O rapaz acordou.

Só depois disso tudo chegaram duas enfermeiras e dois maqueiros. 

Quando a vitória foi dada ao rapaz do Juazeiro e ele saiu do tatame eu em um movimento reflexo fui entrando para lutar. Só então me lembrei que não tinha como ter luta com um judoca sendo atendido. Aí recuei e continuei esperando. 

Finalmente levaram o rapaz para o hospital. Ele parecia bem, mas teve convulsão. Ia precisar passar por exames.

Minha luta pode começar.

É preciso explicar certas coisas. Judô não é um esporte mais perigoso do que outros. Mas é preciso ter respeito à própria segurança. Na categoria sub-15 e nas abaixo, estrangulamentos e torções não são permitidos. 

No sub-18, sub-21 e sub-23 são permitidos, mas como esses jovens vêm treinando essas técnicas a menos tempo elas saem menos e com menos intensidade.

Nas categorias veteranas de 30 a 59 anos ainda é permitido estrangulamento, mas são lutas geralmente mais tranquilas.

A categoria sênior é onde esses acidentes acontecem com mais frequência. 

Judô é uma luta e em lutas a prioridade deveria ser sua integridade física não as regras. Muitos praticantes de judô tratam esse esporte como um jogo fazendo coisas absurdas. Dão as costas para o adversário, param de lutar porque levaram uma pancada. Caem de mal jeito em vãs tentativas de não sofrerem pontos. 

Mas se você tiver plena consciência do risco que está correndo, estiver com treinos em dia, lutar direito e com tranquilidade, mesmo na categoria sênior o risco de um acidente diminui muito.

Então essa cena antes da minha luta não me assustou. Eu precisava contar a anfitriã horas antes que o risco existia mas minha preocupação era mínima. 

A minha luta foi difícil. O rapaz era mais jovem, mais forte e mais experiente e me venceu em pouco tempo. 

Mas juntando tudo foi uma experiência muito importante. Aqueles poucos segundos de luta me deram um norte para me dedicar nos treinos dos próximos dois meses. 

Depois da luta fui para o apartamento. Depois rodoviária. Na rodoviária comi um salgado que me fez mal.

Fiquei mais uma vez com medo de ser levado para o hospital, dessa vez pelo povo da empresa de ônibus, e ter minha volta para casa adiada.

Mas cheguei em casa na hora. Passei o dia descansando e tomando chá. Mas ainda consegui ir para a missa agora a noite.

Na chegada, Trinity já estava na porta para me receber. Os outros três gatos idosos estavam com raiva de mim e se esconderam. Mas foram aparecendo. Primeiro Estrela, depois Lua. Zulu continua sumido. Mas uma hora ele aparece.




Crato, 30 de julho de 2024 (terça)



Recebi hoje meu certificado de terceiro kyu (faixa verde).




Até.

        Pix, Paypal e E-mail: diegosergioadv@gmail.com




            Sobre meus três anos de aula de judô.         




       Eu percebi que as coreanas que eu costumo assistir celebram muitas coisas com bolo e velas, não só o aniversário de nascimento. Isso me deu a ideia de celebrar o meu aniversário de três anos de aula de judô que vai se completar dia 5 de outubro, um sábado. Seria um bolo com uma vela de três anos, juntos dos meus leitores que moram perto e queiram vir. Para todos os leitores participarem, mesmo os que  moram longe eu planejo preparar uma revista. Uma versão impressa do meu blog.

        Para a celebração poder acontecer várias coisas precisam dar certo. Eu preciso passar no exame de faixa que vou fazer em breve, eu preciso conseguir lutar no cearense e na copa Samurai e eu não posso estar doente e nem machucado. E para os leitores receberem a revista, obviamente ela precisa estar pronta. 

       Qualquer um de vocês pode me ajudar com a revista, me mandando textos, fotos ou desenhos. Só falar comigo por e-mail ou outro meio. 




            Tenho aulas de Judô na Ikigai Dojô em Crato, Ceará e sou atualmente 3º kyu (faixa verde).

             Meu plano é ensinar sobre esporte e guerra através do xadrez e do judô.

             Pretendo lutar na Copa Samurai 2024, no dia 28 de setembro.
              Qualquer ajuda é bem vinda, me ler já é uma grande ajuda. Divulgar é muito bom. Ajuda em dinheiro também.



                Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com



                
                Estimativas de gastos para lutar na Copa Samurai 2024:


               Quimono azul: 6 vezes de R$ 43,00.

               Inscrição R$ 120,00

               Passagens R$ 17,60



Cartaz da Copa Samurai 2023 em que participei, pretendo participar novamente esse ano.



       Meu Instagram
       Meu Twitter  
       Quadriga 


 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

231009

231023

231225