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  Crato, 9 de outubro de 2023.


São 11 horas da manhã. Finalmente consegui me sentar para contar sobre o fim de semana de competição. Ontem passei a maior parte do dia deitado, passei tanto tempo deitado que estressei um dos meus gatos, Zulu. Gatos não gostam de mudanças, eu normalmente sou muito ativo e ao ficar tempo demais deitado aparentemente deixei meu gato preocupado. Eu não deixei de colocar comida e água para ele, viu? Não teve nada a ver com fome e sede, mesmo hidratado e alimentado ele continuou me procurando e reclamando. E ainda tenho as tarefas de uma segunda-feira para cuidar, dois processos que eu cuido e que não se moviam a meses terminaram se movendo semana passada, mas vamos trabalhar como escritor agora.


Quinta-feira


Vamos começar reprisando o que aconteceu na última quinta-feira, eu tinha ido dormir sem nem um centavo no bolso ou em conta, tinha doado todos os meus poucos centavos para a Paróquia de São Francisco e não tinha dinheiro nem para ir me pesar no local do evento. Mas quando acordei às 8hs da manhã, tinha uma mensagem de um cliente dizendo que tinha um pouco de dinheiro para mim, suficiente para comprar cinco passagens, eu fiquei com seis porque já tinha uma. Eu esperava usar essas seis passagens para competir no fim de semana.

A noite  teve um treino físico muito rápido e depois um treino teórico sobre arbitragem. Eu não quis me pesar na balança da academia corri para me pesar na balança da farmácia e fui flagrado por uma mãe e um colega lá. Eu tinha pesado 89,9 quilos, o limite da categoria.

Chegando em casa eu estava com muita vontade de treinar, então comi bastante e treinei até 00hs 30m. 


Sexta-feira


No dia seguinte fui me pesar na farmácia 24 horas, e estava pesando 90,7 quilos, 800 gramas acima do limite da categoria. Se eu soubesse que essas 800 gramas eram irrelevantes eu teria agido de forma diferente mas eu não sabia, terminei me esforçando para chegar ao peso da categoria logo. Eram 6hs da manhã e eu tentei gravar um vlog. Gravar vlog é muito difícil. Primeiro que eu não tenho hábito de andar com celular, estar com o celular mesmo no bolso já acrescenta algo incomum na minha rotina, gosto de deixar meu celular em casa. Quando eu tiro o celular do bolso na rua por qualquer motivo eu automaticamente começo a prestar atenção em tudo o que está acontecendo ao redor. Não é fácil gravar um vlog prestando atenção em outras coisas aí eu terminei desistindo.

Além de gravar vlogs eu também tinha planejado tirar fotos minhas, para me gravar com esse peso e com cabelo cortado e barba feita, mas foi outra ideia que caiu por terra. Não tive a menor  motivação para posar para fotos com fome e sede. Lembrando que eu tiro fotos minhas colocando o celular em um lugar, nunca segurando ele não mão. Vou colocar um link de uma foto minha. Quem estiver acostumado comigo do Twitter e não quiser ver meu rosto é só ignorar.

        Foto minha tirada com o celular em cima de um tabuleiro de xadrez

Eu fui na casa de minha mãe e ela estava saindo para caminhar, saí com ela, teria dado um ótimo vlog se eu não estivesse com fome, sede e após alguns minutos de caminhada, vontade de ir ao banheiro. Eu terminei tirando uma foto da minha mãe com o celular dela, contra todas as circunstâncias terminou ficando boa. Eu não estava conseguindo enxergar quase nada por causa do sol.



Quando eu cheguei em casa, como já expliquei, não consigo passar um dia sequer sem ver as notícias das guerras que estão acontecendo no mundo, um dia quero voltar  a escrever sobre guerra mas no momento não estou com vontade. Eu sempre sei de todas as desgraças que estão acontecendo no mundo e mesmo assim sigo em frente e esse dia foi particularmente desgraçado. Estava eu processando as notícias de guerra quando comecei a olhar os stories de minha irmã. Ela reclamava que estavam tentando boicotar os shows dela para punir o patrão dela, ou contratante. Ela estava explicando como quem fala para imbecis, que essa estratégia não ia prejudicar o empresário ia prejudicar os artistas.

Juntou as notícias de guerra com as reclamações de minha irmã e eu com sede terminei bebendo 300 gramas de água. Eu ri quando percebi o que tinha acontecido, não valia a pena chorar, afinal lágrimas não iam fazer eu perder 300 gramas de peso. Isso me atrasou um pouco mais. Eu decidi ir dormir. Eu não gosto de ar condicionado e ventilador, mesmo que eu tivesse dinheiro para pagar pela eletricidade desses aparelhos não usaria. Quer dizer, eu tenho vontade de ter ar condicionado para meu computador e meus gatos mas para eu mesmo não. Dormir sob um calor de trinta e poucos graus já é o suficiente para se emagrecer um bocado então eu terminei acordando horas depois e fui me pesar, estava pesando 89,6 quilos. Calculei que com 300 gramas e com o que eu ainda perderia na viagem daria para "almoçar". Tomei uma medida de proteína diluída em cem gramas d'água, comi umas seis colheres de arroz com um pedacinho de carne de porco e bebi mais cem gramas d'água. Peguei os dois isotônicos Jungle que eu tinha ganhado da senpai e fui pegar o ônibus para o Juazeiro. Enquanto eu esperava o ônibus dar a partida, a mãe que me encontrou na farmácia no dia anterior sentou ao meu lado. Perguntei pelo filho dela e ela respondeu que ele tinha ido no ônibus anterior. Na verdade ela estava me zoando, o filho dela estuda perto do ginásio para onde estávamos indo e ia sair da escola e ir para o ginásio andando. Quando chegamos no ginásio ele estava lá esperando. 

A pesagem estava marcada para começar às 14hs, eu fui me pesar acho que já eram 16hs 30m. Duas horinhas e meia de atraso, nada demais. 

        Acabei de ativar o numlock e o soneca sem querer. Mas resolvi rápido. 

       Continuando, vale destacar que eu fiquei bebendo os isotônicos enquanto esperava a minha vez, mas com aquele calor todo ainda perdi peso, na pesagem oficial terminei marcando 88,3 quilos. 1,8 quilos abaixo do limite da categoria.

Outra coisa que chamou atenção foram os  adolescentes de outra academia. Recitando repetidamente dois versos sodomitas nojentos. Isso por mais de hora. Devia ser letra de algum funk satânico. Nessa mesma academia tinha uma menina minúscula mas que já parecia ser quase adulta. A categoria de peso que eu mais gosto de assistir é a -48, e eu fiquei pensando que ia ser interessante ver aquela menina tão pequena lutando.

Voltei para o Crato com o primo da minha professora e contei isso para minha mãe, ela então perguntou:

— De carro?

— Sim, uma Mercedes.

Imagem da Mercedes que eu costumo usar - Fonte: MobCeará


Ou trabalho que deu para digitar esse travessão, sempre esqueço como faz.

Bem, a missão de pesar abaixo de noventa quilos tinha sido cumprida e eu estava livre para comer com mais liberdade, restava o problema que eu não tinha roupa adequada para lutar no dia seguinte. Mas para que se preocupar?


Sábado


Tomei café, coloquei meu judô gi  cansado na mochila e fui para o ginásio. A missão era conseguir uma roupa adequada e participar da abertura. 

Na subida da Mercedes encontrei um colega de academia, ele me disse que nesse evento não ia lutar, estava indo só assistir. 

Descemos em frente ao ginásio, procuramos a entrada para o pátio, depois a entrada para a arquibancada e encontramos nossos colegas. A senpai estava lá, perguntei pelo meu judô gi. Ela disse que tinha um no carro. Mas eu tinha que confirmar com a professora se era o meu, que eu tinha comprado, ela estava lá na quadra do ginásio, ela é árbitra. Perguntei aos organizadores se podia entrar na quadra, falaram que achavam que não. Eu disse que precisava falar com minha professora, aí eles disseram. "Sendo assim entre."

Fazia tempo que eu não entrava naquela quadra, da última vez foi em um treino de basquete em que o treinador disse que ia ter que começar a cobrar taxas dos atletas. Isso foi em 2011 eu acho. Eu nunca mais voltei para o time nem treinei basquete com intenção de competir depois daquela noite.

Mas então, entrei na quadra, fui até minha professora, perguntei por minha roupa, depois de uma conversa típica ela foi até o alambrado e disse para a senpai me entregar. Fui ao carro buscar. O judô gi branco encolhe quando lavado, usar numa luta sem nunca ter lavado não é recomendável então eu pretendia botar de molho e botar para enxugar. Mas  ao em vez de ir para casa fazer isso voltei para a arquibancada. 

Como eu já disse aqui, quando criança eu achava que judô não era para mim mas dizia que se fosse um judoca participaria das aberturas. Então eu fiquei e participei da abertura. Só depois fui para casa.

Eu guardei a calça que a gente chama de shitabaki e coloquei de molho apenas o casaco que a gente chama de wagui. Depois almocei, e coloquei o wagui para secar. Fui me deitar, algumas horas depois providenciei para que a manga do wagui recebesse um embainhado. Ou seja, dobrei as mangas para dentro e pedi para que passassem uma linha de costura bem apressada. No futuro vou ter que levar para uma costureira com máquina industrial dar uma solução definitiva mas por hora era isso. Voltei para o ginásio, cheguei às 17hs e 15. Pelo que foi explicado nas transmissões minha luta deveria ser às 19hs, mas um atraso era esperado.

Antes de falar da minha luta quero contar daquela menina pequena que vi na pesagem e que fiquei com vontade de ver lutando. Eu vi ela lutando. Mas depois que ela lutou, na sub-18, na sub-21 e ainda foi lutar na sênior. Eu fiquei tão entediado que não aguentava mais ver. Me deitar no chão com a cabeça na mochila olhando para o teto ficou muito mais interessante. Essas inscrições 'dobradas' que é como a gente chama quando alguém se inscreve em mais de uma categoria são muito enfadonhas para quem está assistindo, ainda mais se demorar muito.

Minha categoria era a última de todas. Ia dar uma da manhã quando eu estava na fila para lutar e vi meus companheiros de Mercedes, que tinham dividido ônibus comigo, combinando para dividir um Uber e indo embora. Que maravilha eu estava sendo deixado para trás muitas horas depois do último ônibus passar. Eu não ando com celular. Mas isso era um problema para depois da luta.  Todo o necessário foi providenciado, inclusive as cinco passagens de ônibus que eu tinha comprado na quinta-feira. A sexta passagem que já estava no cartão ficou lá e está lá até agora. Quando eu for assistir Napoleão no cinema mês que vem eu uso.

Mas eu queria lutar. Minha preparação tinha ido para o espaço depois de seis horas de atraso. Era uma hora da manhã. Eu talvez não tivesse força para acertar as três técnicas que eu tinha treinado nem em um companheiro de treino me ajudando, quanto mais em um adversário. Mas consegui estrear. O meu nome gritado por minha colega Vitória foi um alento na solidão da área de luta. Havia uma carona para ela, o que é muito bom. Entre uma vaga num carro e ela lá gritando meu nome eu prefiro ela lá gritando. Ela lutou três horas da tarde, eu acho, mas ficou lá para gritar pelos colegas!

Tomei uma queda com waza-ari, e apesar de minha insistência em ficar na posição de defesa terminei sendo imobilizado e perdendo. Mas minha missão estava cumprida, eu tinha estreado no judô e com minhas próprias roupas. Pois como o Rei Davi nos ensinou na época que era apenas um pastor de ovelhas, lutar com suas próprias armas é melhor.

Lutei com o wagui novo e com a calça velha, a calça nova ainda estão no saco, só vou mexer quando tiver terminado de acertar o wagui.

Depois de lutar eu consegui uma carona com uma família da Ikigai, minha equipe, o que me salvou do vexame de ter que pegar carona com outra equipe.

Cheguei em casa às duas horas da manhã e estava muito contente. Não se deve dormir sem tomar banho depois de lutar, pois isso causa doença de pele, mas não quero falar de meu banho, o importante é que eu estava deitado as duas horas e meia da manhã e olhei o celular. Os atrasos não  me preocuparam muito, eram esperados, embora seis horas de atraso tenha sido um pouco excessivo. Mas ao olhar meu celular descobri que meus colegas de equipe estavam muito mais chateados do que eu. Curioso.

Mesmo antes de arranjar a carona, eu já comecei a pensar na próxima luta. Não vou poder lutar nunca mais na iniciante, foi a primeira e última vez. Minha categoria é a veterana 2. Mas se eu ficar lutando só na veterana, lutarei tão pouco que vou me tornar um faixa preta sem experiência de lutas. Então decidi que enquanto não pegar a faixa preta lutarei na sênior. Algo que vai ser duríssimo e que eu pretendo contar aqui durante os próximos quatro anos. A provável próxima luta deverá acontecer no campeonato cearense daqui a oito meses. Continuem me lendo, tenho certeza que vai ser divertido. Quem quiser me ajudar, sendo que ler  já é uma ajuda, podem divulgar meus textos ou contribuir com dinheiro. Preciso pagar o judô gi branco que foi dividido em uma entrada mais oito prestações. Preciso comprar o judô gi azul. Preciso de dinheiro para viajar, comer. Claro que eu vou continuar advogando, mas sem ajuda ninguém faz nada. E tudo isso é apenas uma etapa para academia que quero abrir. Por academia não entendam que eu queira sair da Ikigai, pode ser apenas um polo. 

Domingo

O que eu mais fiz no domingo foi ficar deitado. Tanto que demorei mais do que gostaria para escrever esse texto e como disse no começo, irritei meu gato. Às 14 horas me levantei para ver a Fórmula 1 e vi a marca que me transportou no fim de semana se destacando. 

As duas Mercedes se bateram na primeira curva. 

Eu não torço para carro nem um. Mesmo sendo um usuário tão habitual da Mercedes. Mas a questão é que ver a corrida do segundo carro mais rápido acabar tão rápido me deu vontade de voltar a me deitar e foi o que eu fiz. A Red Bull ganhou fácil como era óbvio que ia acontecer depois da primeira curva. McLaren completou o pódio.

Uma das Mercedes batida abandonou a outra seguiu na corrida - Fonte: Fórmula 1


Fui à missa e tomei um sorvete que eu não tomava a sei lá quanto tempo. Vou tirar folga da dieta uns dias.

Segunda-feira.

Demorei a começar a escrever esse texto porque estava procurando as lutas de minha amiga Vitória, a que gritou meu nome durante minha luta. Uma grande luta, mas o destaque ficou para o árbitro, o senhor Cláudio, meu ex professor. Um exemplo de integridade moral e probidade esportiva. Assistam! recomendo!

        Minha amiga no placar aparece com o nome 'Oliveira Luiza', a luta dela é na tela da direita, ela começa lutando do lado esquerdo.


                                             Luta da minha amiga Vitória

Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com



        Tenho aulas de Judô na Ikigai Dojô em Crato, Ceará e sou atualmente 3º kyu (faixa laranja).

             Meu plano é ensinar sobre esporte e guerra através do xadrez e do judô.

             Pretendo lutar no Campeonato Cearense 2024 - 2ª etapa, no dia 27 de julho.

              Qualquer ajuda é bem vinda, me ler já é uma grande ajuda. Divulgar é muito bom. Ajuda em dinheiro também.



                Pix, Paypal e e-mail: diegosergioadv@gmail.com

            



              Estimativas de gastos para lutar no Cearense 2ª etapa:


              Prestações do Quimono branco por pagar 4x R$ 46,36

              Quimono azul R$ 380,00

              Inscrição R$ 90,00

              Passagens de ônibus R$ 205,60

              Pernoite em pousada R$ R$ 150,00

              Alimentação R$ 120,00



         

Consulta de preço de passagem (apenas ida).




Local e data da minha próxima luta.




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